25 de nov. de 2009

A Arte de Viver em Paz - Visão Fragmentária da Paz

"A toda ação corresponde uma reação. Essa verdade cristalina é freqüentemente ignorada pela cultura da fragmentação. Assim, é interessante observar como sujeito e objeto, nessa visão do real, estão sempre irremediavelmente separados, do mesmo modo que causa e efeito.

Os perigos de tal concepção são evidentes, e os exemplos, inúmeros. Comportamo-nos como se pudéssemos cortar todas as árvores, como se tivéssemos salvo-conduto para destruir rios e oceanos sem que o planeta nos puna pela usadia.
Nas relações com os outros homens não é diferente: somos agressivos com as pessoas que nos cercam e reclamamos quando elas nos ferem. Agimos como se nossos atos não tivessem conseqüências, como se as nossas vítimas não pudessem jamais reagir.
Essa visão fragmentária do real bem que poderia ser chamada de "cultura da irresponsabilidade", na medida em que reforça uma confortável mas perigosíssima cegueira sobre as relações entre o sujeito e o objeto." (WEIL, 1993. pag29)

Vivemos numa Cultura de Guerra. Basta pararmos para observar à nossa volta e na nossa vida. Costumo brincar que já nascemos apanhando, brincamos competindo, estudamos disciplinas fragmentárias como se a natureza assim o fosse; aprendemos a história da humanidade e das guerras onde os heróis são os vencedores, mas que na verdade são genocidas. Viramos adultos e profissionais e somos taxados de perdedores se não conseguimos casa, carro, poupança, títulos...e a que custo?
Valorizamos o ter em detrimento do ser. Vivemos a fantasia da separatividade onde o apego ao materialismo e ao individualismo é a regra vigente. Esquecemo-nos que vivemos em sociedade e num planeta finito onde tudo está interconectado.
 "Não é problema meu!" Quantas vezes ouvimos ou falamos isso?
 Observem os programas de TV, os filmes, os noticiários... Quais são aqueles que dão "Ibope"?
Temos que buscar uma educação holística para a paz. Começando conosco mesmo.
"As guerras nascem no espírito dos homens, e é nele, primeiramente, que devem ser
erguidas as defesas da paz" (UNESCO)


Ref.: WEIL, Pierre. A Arte de Viver em Paz: por uma nova consciência, por uma nova educação. São Paulo:Editora Gente, 1993. 173p

22 de nov. de 2009

A Arte de Viver em Paz

Registro aqui minha humilde e sincera homenagem ao mestre Pierre Weil, falecido em 2008, aos 84 anos e cego.
Não vou tomar o tempo dos leitores desse bloguinho falando de Pierre Weil, o Educador da Paz.
Convido todos a lerem a biografia deste humanista, criador da UNIPAZ, que é a união da Fundação Cidade da Paz e a Universidade Holística Internacional, localizada em Brasília.
Visitem também o site da UNIPAZ: http://www.unipaz.org.br/
Nas próximas postagens falaremos da Arte de Viver em Paz consigo mesmo, com os outros e com a natureza.

20 de nov. de 2009

Tiblisi

A Conferencia Intergovernamental sobre Educação Ambiental, realizada em 1977 em Tiblisi é geralmente tida como um marco da Educação Ambiental.
O documento com as recomendações pode ser conseguido facilmente num site de busca. Vale a pena le-las com carinho.
Segue abaixo alguns trechos interessantes para pensarmos um pouco:


"Recomendação Nº 1 - d) o propósito fundamental da educação ambiental é também mostrar, com toda clareza, as interdependências econômicas, políticas e ecológicas do mundo moderno, no qual as decisões e comportamentos dos diversos países podem ter conseqüências de alcance internacional. Neste sentido, a educação ambiental deveria contribuir para o desenvolvimento de um espírito de responsabilidade e de solidariedade entre os países e as regiões, como fundamento de uma nova ordem internacional que garanta a conservação e a melhoria do meio ambiente;"


"Recomendação Nº 2 - Reconhecendo que a educação ambiental deveria contribuir para consolidar a paz, desenvolver a compreensão mútua entre os Estados e constituir um verdadeiro instrumento de solidariedade internacional e de eliminação de todas as formas de discriminação racial, política e econômica."


Sabendo que essa conferencia foi realizada numa cidade da Geórgia, na antiga União Soviética, imaginem se o nosso governo militar da época estaria interessado na aplicação integral das resoluções. A educação ambiental ficou restrita à área das ciências biológicas, sem entrar nas questões culturais, políticas e sociais.
As ações efetivas no campo da educação ambiental só foram implementadas em 1994, quando o Ministério da Educação e Cultura, o Ministério do Meio Ambiente e o Ministério da Ciência e Tecnologia editaram o Programa Nacional de Educação Ambiental (PRONEA), que resultou na edição da Lei 9.975, de 24 de abril de 1999, criando a Política Nacional de Educação Ambiental. De acordo com Dias (2000, p. 92), A partir daí, tem-se os instrumentos necessários para impor um ritmo mais intenso ao desenvolvimento da educação ambiental no Brasil.


Portanto, ainda temos muito o que fazer pela educação ambiental nesse país para tirar mais de 30 anos de atraso.
A educação ambiental abre a mente do educando para uma visão holística da vida e do planeta. Ela busca reverter o processo de fragmentação da realidade, pois estamos todos ligados em uma mesma e maravilhosa teia de vida.


Referência:
DIAS, Genebaldo Freire. Educação Ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia, 2000.

15 de nov. de 2009

Conscientização Ambiental, um sonho...

Hoje fala-se muito em conscientização ambiental, conscientização em segurança, conscientização de tudo.
Segundo o Aurélio, conscientizar significa dar ou tomar consciência de.
Consciência é o conhecimento, noção do que se passa em nós. Percepção mais ou menos clara dos fenômenos que nos informam a respeito da nossa própria existência. Sentimento do dever, moralidade.
Depois de mais de 20 anos lecionando em cursos de graduação e pós graduação, ministrando treinamentos e palestras sobre temas ambientais e de segurança do trabalho, cheguei à conclusão que eu não conscientizo ninguém. Cada indivíduo é que se conscientiza  e, muitas vezes, sem que ninguém fale nada.  Basta querer e saber observar, refletir, sentir, pensar, envolver-se, amar.
Prefiro trocar para o verbo conscientizar pelo verbo semear. Acredito que um educador é um semeador, como nosso divino Mestre foi e sempre será.
Neste momento crítico em que nosso planeta se encontra, a conscientização ambiental  ainda é um sonho para mim. Enquanto o individualismo e a ganância imperarem, as sementes cairão no solo rochoso de nosso coração.
Mas não podemos deixar de semear, semear, semear...

14 de nov. de 2009

Números, ora números...

Embora eu seja Engenheiro, a Estatística sempre foi uma matéria que detestava e não entendia "bulufas". Achava que era uma forma matemática de mascarar as coisas para o  bem e para o mal. Quando dizem que ganhar a Mega Sena sozinho é praticamente impossível, pois as chances estatísticas são de 1 em 50.000.000 aproximadamente, fico pensando naqueles anões do orçamento, lembram-se? Um deles não comprava cartões de loteria premiando, ou algo assim? Dane-as as estatísticas!
Toda essa baboseira inicial era só para introduzir um assunto interessante: A meta de corte de emissão de CO2 assumido pelo Brasil de 38,9% !! Como isso foi calculado? O que me intriga são esses 0,9% . Se o país atingir 38,89% significa friamente que não atingiu a meta estipulada. Continuo não entendendo Estatística. Poderiam perguntar: -"Mas você não usa estatística no seu dia-a-dia?" Sim, lógico! Trabalho com Segurança e Meio Ambiente. Há vários indicadores que temos que calcular, em geral em cima de algo real e palpável como acidentes, incidentes, consumo de energia etc.
Admiro quem entende dessa matéria. Sobretudo quando o que está em jogo é o destino do planeta e da natureza.
Pela Teoria de Gaia nosso planeta é, hipoteticamente, um ser vivo. Como tal cria condições para sua própria sobrevivência. Lembramos também da Teoria do Caos que tenta explicar o funcionamento de sistemas complexos e dinâmicos, como a natureza. Neste caso os eventos são causados pela ação e interação de variáveis e elementos de forma praticamente aleatória. Nesse ponto entra um dado estatístico chamado margem de erro que, para ser pequena, precisamos recolher um amostra  bem grande e representativa, até para que possamos reduzir essa aleatoriedade . Como estamos falando de um planeta, então, tubo bem! Certo?
Quer saber? Vamos fazer a nossa parte! Agir localmente e, sobretudo, olhar para de nós mesmos antes que seja tarde para qualquer mudança.

13 de nov. de 2009

UMAPAZ

Quantas pessoas conhecem a UMAPAZ - Universidade Aberta do Meio Ambiente e Cultura de Paz, da Prefeitura de São Paulo?
Caso nunca tenham ouvido falar não sabem o que estão perdendo.
Guardem o site http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/meio_ambiente/umapaz/
Cadastrem-se e recebam as informações das programações de cursos, eventos e palestras. A turma de lá é 10!
Vale a pena conhecer, prestigiar e participar das atividades.

9 de nov. de 2009

Por Falar em Violência...

Como ex-professor da Uniban, entristeço-me ao relembrar o lamentável episódio ocorrido no Campus ABC envolvendo uma aluna. É mais uma prova que a violência se instalou, não apenas nos guetos, nas ruas, nas favelas, no poder, mas também nas universidades, nas escolas, na família, no local de trabalho... A violência tem muitas faces: física, psicológica, moral, econômica, racial, religiosa etc. Fruto de uma intolerância e de uma desumanização crescente entre os seres que se consideram humanos. Que saudade daquela época romântica em que os estudantes estudavam, mas também protestavam contra a ditadura e até apanhavam por um ideal. Lembro-me de quando toda a comunidade acadêmica da Unicamp se uniu para expulsar os interventores dos Institutos nomeados pelo então Sr. Governador biônico do Estado de São Paulo. Com um detalhe: Sem Violência.
Gostaria de saber o que passou na cabeça desses pobres coitados da Uniban. Que ideal de moralidade eles pregam? Que exemplo eles dão? No fim expulsaram a aluna? Será que eles sabem o que é uma Universidade? Uma Universidade não deve ser apenas um centro de criação e transmissão da cultura, da ciência e da tecnologia, mas sobretudo deveria  cuidar da formação humana de seus alunos, a formar cidadão críticos e participativos, rompendo com paradigmas cartesianos e fragmentadores.  Será que a mercantilização dos nossos alunos não seria uma das causas dessa violência? Afinal, é mais "econômico" expulsar uma do que dezenas...

Não-Violência é a Força

Dia 29/10 participei de uma oficina sobre o tema acima no Instituto Pólis. Pena que há poucas iniciativas neste campo, apenas lembrando que estamos na década da Cultura de Paz. Pois é, quem sabia disso?? Enfim, foi um evento interessante e fiquei feliz de ver jovens participando ativamente da oficina e envolvidos na temática da paz. Num momento quem que violência é o tema central dos noticiários - para variar - é um bálsamo para mim ver que há muitas pessoas que acreditam no ideal da não-violência. Pena que isso não seja divulgado na mídia.  Voltaremos a este assunto mais vezes.

2 de nov. de 2009

Meio Ambiente & Paz


"Estamos diante de um momento crítico na história da Terra, numa época em que a humanidade deve escolher o seu futuro. À medida que o mundo torna-se cada vez mais interdependente e frágil, o futuro enfrenta, ao mesmo tempo, grandes perigos e grandes promessas. Para seguir adiante, devemos reconhecer que, no meio da uma magnífica diversidade de culturas e formas de vida, somos uma família humana e uma comunidade terrestre com um destino comum. Devemos somar forças para gerar uma sociedade sustentável global baseada no respeito pela natureza, nos direitos humanos universais, na justiça econômica e numa cultura da paz. Para chegar a este propósito, é imperativo que nós, os povos da Terra, declaremos nossa responsabilidade uns para com os outros, com a grande comunidade da vida, e com as futuras gerações." Preâmbulo - Carta da Terra